PODE PARECER CONTO DAS MIL E UMA NOITE
Fora trabalhador da
agricultura, quiçá jornaleiro até 1964, altura em deixei definitivamente a
Bufarda, freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche.
Em 1968, já eu era chefe de
escritório em Lisboa, na Fotogravura União de cerca de 40, empregados.
Já atingira o ordenado de
3.200$00 o que para a época, mesmo em Lisboa era um bom ordenado.
Pelo que em carta enviada a
candidatar-me a novo emprego, pedia 3.300$00, uma subida de apenas 100$00. Subida
de ordenado de certo modo importante, para a época.
A empresa era a Bertrand
& Irmãos, (não confundir com a livraria Bertrand) então já famosa no meio
gráfico, com sede na Trav. Condessa do Rio, Lisboa, mas já a laborar no
Dafundo.
Escrutinado e chamado a ser
ouvido, lá fui ao Dafundo. Ali fui logo atendido pelo futuro examinador, que de
imediato me levou ao Presidente de Administração, este inteirado, cabalmente,
das minhas funções exultou (foi o termo).
A partir daí voltei ao
gabinete do examinador, onde para não faltar mais umas horas ao trabalho, ficou
assente prestar provas no Domingo próximo.
Após a prestação de provas:
- Foi-me dito o Senhor, na
carta que escreveu, foi muito lacónico!...
Resposta:
- Pelo que vi no anúncio,
achei por bem apenas sintetizar o que julguei serem as minhas aptidões para
preencher o lugar. De resto aqui tenho estado à disposição para acrescentar o
que for necessário.
- O Senhor também foi muito
modesto, pediu 3.300$00 e os seus colegas de departamento, ganham 6.000$00. De
modo que a Administração decidiu atribuir-lhe 4.000$00 mensais e assim vai
estar 3 meses, pelo que então passará a igualar os colegas.
Assim foi, em pouco tempo
passei a 6.000$00 mensais.
Sendo que logo no mês de
Março seguinte, recebi mais o equivalente a uma mensalidade, de participação
nos lucros da empresa.
Daniel Costa