segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

FORAM FAVAS


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FORAM FAVAS

Camilo Castelo Branco titulou um dos seus livros, por RIQUEZA DO POBRE E POBREZA DO RICO.
A leitura do livro nos dá a explicação do porquê do título; é que os rico ao degustarem, por exemplo, uma refeição simples chama-lhe um manjar, tal como um pobre diz manjar, de uma lauta refeição de rico. A mesma que ele, rico, come diariamente.
Ora este paralelo, vem a propósito de um facto que eu protagonizei, no campo, na Bufarda, no sítio do Fanfarrão;
- Tinha 9 anos, estava já de férias escolares, ainda havia costaneiras (palha) de favas por apanhar, que faziam falta para aquecer o forno, a fim de cozer a fornada de pão de milho.
Pois bem, acompanhei a mãe para ajudar esta na sega das mesmas. As costaneiras das favas eram rijas até que, a determinada altura, na trajectória, deixei a foice desviar-se e o seu bico espetou-se na canela direita.
Agora, com a foice assim espetada, os seus dentes formavam uma espécie de arpão. Deu dores a sair, mas com a paciente ajuda da mãe, inevitavelmente foi extraída, depois de deixar um corte profundo e a sangrar bem.
Sempre paciente, a mãe lavou a ferida com urina que eu vertera e fez, de seguida, das favas que ainda ficaram em jeito de rabisco, descascou uma a fez colar na ferida.
Esta ficou e se pegou.
Resultado:
- O tratamento da ferida ficou feito, não doeu mais e só quando sarou e secou, por completo, a casca da fava caiu.

Daniel Costa



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