FORAM FAVAS
Camilo Castelo Branco titulou
um dos seus livros, por RIQUEZA DO POBRE E POBREZA DO RICO.
A leitura do livro nos dá a
explicação do porquê do título; é que os rico ao degustarem, por exemplo, uma
refeição simples chama-lhe um manjar, tal como um pobre diz manjar, de uma
lauta refeição de rico. A mesma que ele, rico, come diariamente.
Ora este paralelo, vem a
propósito de um facto que eu protagonizei, no campo, na Bufarda, no sítio do Fanfarrão;
- Tinha 9 anos, estava já de
férias escolares, ainda havia costaneiras (palha) de favas por apanhar, que
faziam falta para aquecer o forno, a fim de cozer a fornada de pão de milho.
Pois bem, acompanhei a mãe
para ajudar esta na sega das mesmas. As costaneiras das favas eram rijas até
que, a determinada altura, na trajectória, deixei a foice desviar-se e o seu
bico espetou-se na canela direita.
Agora, com a foice assim
espetada, os seus dentes formavam uma espécie de arpão. Deu dores a sair, mas
com a paciente ajuda da mãe, inevitavelmente foi extraída, depois de deixar um
corte profundo e a sangrar bem.
Sempre paciente, a mãe lavou
a ferida com urina que eu vertera e fez, de seguida, das favas que ainda ficaram
em jeito de rabisco, descascou uma a fez colar na ferida.
Esta ficou e se pegou.
Resultado:
- O tratamento da ferida
ficou feito, não doeu mais e só quando sarou e secou, por completo, a casca da
fava caiu.
Daniel Costa
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