POÇO DA BARROCA (conto)
Em tempos, quando as aldeias
ainda não eram electrificadas, em determinada urbe, quando os aldeões só se
reunião aos Domingos, nas tascas, a confraternizar entre uns copos de três; a
medida convencionada do vinho para as libações, na época.
Por vezes era comentado, que nas
noites de lua nova, pela meia-noite, apareceriam fantasmas no cruzamento do
Poço da Barroca.
No entanto nunca ninguém, em
concreto, que se soubesse, tivera algum encontro com fantasmas para contar.
Ainda era o tempo de não
haver electrificação, nas aldeias, nem tão pouco, geradores eléctricos, para os
arraiais das festas anuais… As montagens sonoras e eléctricas, no dizer dos
seus condutores, ao microfone, nas ditas cabines de som improvisadas.
Nas mesmas, a iluminação era
feita por petromax, assim chamados, é de crer, uma derivação de funcionarem a
petróleo.
Nas bancas que funcionava,
sempre no recinto, utilizavam gasómetros a carboreto, uma espécie de pedra, que
ia gastando até esta ficar liquida,
Portanto, em lua nova, afora
este recinto, tudo aparecia escuro como breu, que contrastaria com a dita
alvura de algo fantasmagórico
Até que um dia Pedro Pirata, um
rapagão bem constituído, então criado, moleiro de um dos quatro moinhos em fila,
no alto da aldeia:
- Ao passar, no cruzamento
junto ao Poço da Barroca, cerca da meia-noite, ouviu algo de estranho.
Bem atento, sem se
amedrontar, encostou-se a uma das casas circunvizinhas, procurou entender do
que se tratava, tanto mais que a dita, tradicional, alvura de fantasma não se apresentava.
Tão atento estava, que
naquela escuridão, pôde observar que, o que poderia ser tomado por fantasma, se
estes existissem, de facto, não passavam do vulto de um aldeão a abastecer-se de
água.
No Domingo seguinte, lá
estava na tasca, na habitual confraternização a contar do “fantasma” avistado,
ao passar cerca da meia-noite, no cruzamento do Poço da Barroca.
Daniel Costa
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