sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O MAIS CERTO FUTURO


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O MAIS CERTO FUTURO

Nada há mais certo do que a morte, portanto devemos ver esta, apenas, como um episódio normal a terminar o nosso viajar no mundo, se bem que ninguém vai num velório, ou cerimónia afim, pensando que o futuro, sempre lhe reserva um fim, em cerimónia igual.
Portanto um velório pode torna-se numa festa, exemplifico com o corpo de um acidentado, quando se fazia transportar de bicicleta. A reunião teve lugar, na adega do pai e as torneiras funcionaram, abrindo a encher copos, abastecendo os convivas de vinho.
Tinha eu cerca de três anos apenas, o tempo em que se me iniciou a reter na mente alguns episódios de vida, ainda florescentes, passados sete dezenas de anos, dum passado que toma laivos de puramente ficcionado, ou sonhado. Porém em tempo, testado por quem desta retenção duvidou.
Todavia é sabido, que esta verdade é bem rara e talvez eu tenha pressupostos estados de espírito de clarividente ou até de elevado QI.
Mais tarde, o teste que foi feito em elementos descendentes, com o mesmo ADN e em nenhum episódio se notou transmissão, embora se tenha notado boas mentes psicológicas.
- Nascido em 1940:
- Três episódios de 1944, por mim retidos, com cerca de três anos portanto.
- Velório do avô Zé da Avó, no que tinha sido a sua sala de dormir com a esposa. Recordo-me de estar bem quietinho, bem comportado, como os adultos presentes, comodamente sentado, um dos lados do féretro.
Recordo ainda, uma vivência desse avô materno, por casamento, ele e da avó Jesuina, ambos antes viúvos, em segundas núpcias.
Ele já no estado de louco desmemoriado, a não reconhecer o eu, neto, a ser esclarecido por um outro neto mais velhinho, teve então a seguinte tirada: “coitadinho do meu netinho é bonito e “formosinho”.
- Velório da tia Regina (tia paterna), cujo falecimento ocorreu aos cerca de 20 anos, pressupostamente de tuberculose, na época e no espaço, dizia-se, doença má, como se designavam, indiscriminadamente, as doenças terminais, ao tempo.
Recordo ainda o carinho da tia Regina, que repartia comigo as bananas, que os pais, meus avós, lhe compram, especialmente, devido à doença, que de modo algum provinha de carência alimentar, já que os pais eram, lavradores abastados.
Pela mesma atura, pelo menos um a vez, carinhoso, percorri a hoje Rua da Senhora do Rosário, de mão dada, com uma miúda, por certo, dentro da mesma idade. Depois deixei de a ver, foi então que a minha me esclareceu, da sua morte.
A criança, era irmã do David e do Chico David, esqueci os nomes, ou alcunhas dos pais, mas não dos avós maternos; o Botas e a Mónica.
Cerca de dois anos depois, num casebre, num campo do Joaquim Quarenta, no Casal Foz, ali estava sobre a palha, o corpo de José Daniel, o que mendigo, viajante do mundo, que ali pernoitara. Havia a figura do Cabo – Chefe, um civil, politicamente, nomeado, faziam parte de uma estrutura outros Cabos civis. No caso já ali estavam dois desses cabos a escoltar o corpo.
Depois, já nos 10 anos, há a recordação de no intervalo da escola primária, ter soado entre o rapazio: “ olhem – o Elias matou-se, está dependurado numa corda, atada na viga do seu palheiro”!...
No intervalo, logo o rapazio, de que eu fazia parte, como que catapultado, acorreu ao “espectáculo” de ver o corpo do homem dependurado.
Ainda não havia qualquer autoridade, de guarda ao corpo.
O Elias era ascendente do Tenista Gastão Elias.

Daniel Costa



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