OS ÚLTIMOS TRENS
Ocorria a década de quarenta,
o ano não sei precisar porém, talvez tenha sido em 1946, que se deu o enlace
matrimonial entre a Carminha, filha de Zé “Reboneta” e da ti Ana, ajuntadeira de
ovos, para um regateiro, que depois os recolhia, e o Armado, filho da senhora
Nazaré cujo marido, não conheci, porque procurara melhor vida na Argentina.
A senhora Nazaré, viveu e
criou os filhos, Armando, Pinto e “Cireta” naquela casa velha, ainda existente,
no lado esquerdo da casa que, foi a loja do Veríssimo, agora estabelecimento de
café.
Porque recordo este, de certo
modo, estrondoso casamento?
Porque ali na aldeia da
Bufarda, foi o último em que, para o transporte dos convidados, foram utilizados
trens, puxados a cavalos.
Hoje seria “chic”, mas até a
essa data não o era.
O único veículo automóvel que
ali vi, era uma furgonete, com arberg de madeira do, industrial de moagem, que
mandara construir uma dessas fábricas, em Geraldes, mais tarde transformada na
residência do Arnaldo, do Zé Nau.
Um desses trens, era do
Miguel ferrador, da Atouguia da Baleia.
Logo a seguir, aquele
ferrador, já tinha automóvel de Praça e assim, continuou, a operar no
transporte dos casamentos, que passaram a ser feitos de automóvel.
O enlace ficou na memória, não só pelos trens:
- Foi também, nessa festa que
os confeitos, normalmente, bem esféricos, eram enfeitados de saliências
(picos).
Estes eram, mais, os
padrinhos a lançar ao rapazio, que os apanhava do chão, como guloseima.
Ninguém morria, nem morreu de
os saborear assim, depois apanhados do chão areento e pisado, então, por
animais domésticos de toda a ordem e pássaros vários.
Daniel Costa
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