segunda-feira, 22 de outubro de 2018

POEMA A VIDIMA

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 VINDIMA
Moita dos Ferreiros
Certa noite atravessei, numa Caminhada
Dirigia-me a uma vindimada
No Casal Torneiro
Ali perto do Bombarral
Mantimentos iam no bornal
O patrão Chico Bento
Encarregara de arranjar grupo
Ao Américo do Casal
Quinze dias, o desterro
Que soou a liberdade celestial
Dormir na palha era banal
Sustento, batatas cozidas
Chicharro seco e Sardinhada
Sardinha prateada, como se fora para banquete
Aparecia na madrugada
Consistia, em cortar uva, a jornada
De formosa ramada
Cada cesto de pau, quando cheio
Encosta acima a despejar na tina
Para o lagar era transportada
Dezasseis anos e da vida sabia nada
Ouvia historietas, ao som de sorrisos
Fixei uma bastante engraçada
Caso de infidelidade
Dizia o homem:
Vi, foi mesmo de pé, mulher danada
Retorquia esta:
Não gostaste de estar na taberna encantada?
Cesto vazio, cesto cheio
Encosta acima
Vindima terminada
Vinte e dois mil e quinhentos por jornada
O rapaz, se também merecia, os levava
A terminar, uma ceia de adiafa
Para a festa bacalhau, alto como nunca vi
Mais as batatas, grande tachada!
Na própria adega
Na goela, o forte tinto carrascão refrescava
Depois do adeus e da última dormida
O grupo, pelas mesmas vias, encetou a abalada.

Daniel Costa

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