As imagens, são a igreja da Bufarda e uma capoeira conjunta com uma coelheira que já tivera construído no que é hoje propriedade do Gil (era então do meu pai), atrás da igreja.
JOGO DA BOLA DE PAU (antigo jogo popular)
Foi no ano de 1978 que João Paulo I ocupou a Cadeira de Pedro. A sua
governação foi efémera, uma das mais curtas da história papal ocasionada
pela sua morte, o que alguns comentaristas ainda hoje deixam velado que
não terá sido natural.
Um jornal de Lisboa, numa curta biografia do infeliz apóstolo de Roma, fazia referência à sua apetência pelo jogo da bola de pau.
Logo nessa altura, pensei que haveria de tentar desvendar o que para muitos deveria parecer um enigma.
De facto posso assegurar, pelo que deixo descrito; o jogo da bola de pau existia, mesmo, até aos anos cinquenta do século passado. Tudo o que tenho anotado na mente é que, esse jogo terá tido origem numa das muitas criações da Igreja, para sustentar a sua própria organização existencial.
Vi-o ainda a funcionar junto da igreja, cujo orago é a Senhora do Rosário, da aldeia da Bufarda, freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche. Aquele jogo, pertença da comunidade católica, era alugado no fim de cada mês, pelo sistema de leilão, nos meses de Junho a Setembro, época do ano propícia a actividades lúdicas ao ar livre.
Coube-me a mim próprio e a meu irmão, sem o suspeitar darmos por finda, aquela actividade de entretenimento, que se praticava aos Domingos.
Refira-se que aquele Setembro de 1957 conheceu uma agradável temperatura, o preciso para a disputa daqueles torneios, pelo que além do aluguer ter saído a um preço elevado, pouco comum, deu um certo lucro, se considerarmos que se atravessavam tempos de miséria.
Como recordar é viver, lembro que ainda se trabalhava de sol a sol. A aldeia durante os dias da semana encontrava-se deserta e com aquela mais valia acabei por realizar um grande sonho; comprei uma bicicleta em segunda mão.
Custou a módica quantia de 475$00.
Mas, vou explicar o funcionamento do jogo: um local junto ao cemitério encostado à capela, que servia de rua transversal, havia uma barreira do lado norte, por onde os jogadores atiravam as bolas fazendo-as ganhar os efeitos pretendidos a fim de derrubar os respectivos paus, que davam pontos.
O campo tinha o comprimento um pouco superior à igreja e começava por uma grande pedra onde havia esculpidos os lugares para cada um dos palitos e mais um, situado na entrada daquele tabuleiro, a que se dava o nome de vinte, e muito naturalmente, valia mais pontuação.
Junto desse vinte havia um buraco, local onde posta a quantia de dinheiro com que cada jogador entrava. No fim de cada partida disputada em grupo, o detentor do jogo servindo como banqueiro, tirava logo a sua percentagem, sendo o restante entregue ao que ganhava.
As peças eram compostas por vinte e um paus, de cerca de de quarenta centímetros de altura e de duas bolas também de madeira, uma maior e outra menor, para certas escolhas do jogador, daí talvez a origem da denominação, jogo da bola de pau.
De notar que as condições atmosféricas, apesar da situação do campo se encontrar em sítio privilegiado, o muito vento vulgar na zona do Oeste, criava a impossibilidade de se efectuarem jogos vários Domingos seguidos, o que era prejuizo para o alugador.
Como à época ia todos os Dias do Senhor, cumprir um dos mandamentos da lei de Deus à igreja da vizinha aldeia de Riba Fria, via sempre na mesma situação um jogo da bola de pau, mas nunca o vi funcionar.
Um dos grandes jogadores, Abílio Fonseca, anos mais tarde veio a ser meu vizinho em Lisboa, na Avenida Grão Vasco.
E um pouco mais velho, em conversa sobre o assunto informou-me que também havia o jogo na aldeia de S. Bernardino, conhecida praia do Oeste, onde até 1910 laborou um convento de frades. Também a localidade pertence à mesma freguesia.
As três mencionadas, quase em linha completam, situam-se a sul do Distrito de Leiria, no limite do de Lisboa.
Ainda me lembro de alguns jogadores, para além do já citado, até pela sabedoria evidenciada daquele singular entretenimento cujos nomes ou alcunhas, como Zé Lora, Joaquim Trabulento, José Geada, Barbaceca, Gil, os dois guardas fiscais Pissarra e Alves e outros, que aos Domingos davam muita vida própria àquele local, onde funcionava um verdadeiro culto dominical aos tempos de lazer da época.
Para terminar, refira-se que o espaço onde funcionava aquele, diga-se, parque desportivo, bem como o cemitério adjacente, vieram a dar lugar à Casa do Povo local.
Novos e vindouros jamais conhecerão, como eu, um gozo simples daqueles tempos, o passar uma tarde de Domingo a assistir às peripécias de jogos da bola de pau.
Um jornal de Lisboa, numa curta biografia do infeliz apóstolo de Roma, fazia referência à sua apetência pelo jogo da bola de pau.
Logo nessa altura, pensei que haveria de tentar desvendar o que para muitos deveria parecer um enigma.
De facto posso assegurar, pelo que deixo descrito; o jogo da bola de pau existia, mesmo, até aos anos cinquenta do século passado. Tudo o que tenho anotado na mente é que, esse jogo terá tido origem numa das muitas criações da Igreja, para sustentar a sua própria organização existencial.
Vi-o ainda a funcionar junto da igreja, cujo orago é a Senhora do Rosário, da aldeia da Bufarda, freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche. Aquele jogo, pertença da comunidade católica, era alugado no fim de cada mês, pelo sistema de leilão, nos meses de Junho a Setembro, época do ano propícia a actividades lúdicas ao ar livre.
Coube-me a mim próprio e a meu irmão, sem o suspeitar darmos por finda, aquela actividade de entretenimento, que se praticava aos Domingos.
Refira-se que aquele Setembro de 1957 conheceu uma agradável temperatura, o preciso para a disputa daqueles torneios, pelo que além do aluguer ter saído a um preço elevado, pouco comum, deu um certo lucro, se considerarmos que se atravessavam tempos de miséria.
Como recordar é viver, lembro que ainda se trabalhava de sol a sol. A aldeia durante os dias da semana encontrava-se deserta e com aquela mais valia acabei por realizar um grande sonho; comprei uma bicicleta em segunda mão.
Custou a módica quantia de 475$00.
Mas, vou explicar o funcionamento do jogo: um local junto ao cemitério encostado à capela, que servia de rua transversal, havia uma barreira do lado norte, por onde os jogadores atiravam as bolas fazendo-as ganhar os efeitos pretendidos a fim de derrubar os respectivos paus, que davam pontos.
O campo tinha o comprimento um pouco superior à igreja e começava por uma grande pedra onde havia esculpidos os lugares para cada um dos palitos e mais um, situado na entrada daquele tabuleiro, a que se dava o nome de vinte, e muito naturalmente, valia mais pontuação.
Junto desse vinte havia um buraco, local onde posta a quantia de dinheiro com que cada jogador entrava. No fim de cada partida disputada em grupo, o detentor do jogo servindo como banqueiro, tirava logo a sua percentagem, sendo o restante entregue ao que ganhava.
As peças eram compostas por vinte e um paus, de cerca de de quarenta centímetros de altura e de duas bolas também de madeira, uma maior e outra menor, para certas escolhas do jogador, daí talvez a origem da denominação, jogo da bola de pau.
De notar que as condições atmosféricas, apesar da situação do campo se encontrar em sítio privilegiado, o muito vento vulgar na zona do Oeste, criava a impossibilidade de se efectuarem jogos vários Domingos seguidos, o que era prejuizo para o alugador.
Como à época ia todos os Dias do Senhor, cumprir um dos mandamentos da lei de Deus à igreja da vizinha aldeia de Riba Fria, via sempre na mesma situação um jogo da bola de pau, mas nunca o vi funcionar.
Um dos grandes jogadores, Abílio Fonseca, anos mais tarde veio a ser meu vizinho em Lisboa, na Avenida Grão Vasco.
E um pouco mais velho, em conversa sobre o assunto informou-me que também havia o jogo na aldeia de S. Bernardino, conhecida praia do Oeste, onde até 1910 laborou um convento de frades. Também a localidade pertence à mesma freguesia.
As três mencionadas, quase em linha completam, situam-se a sul do Distrito de Leiria, no limite do de Lisboa.
Ainda me lembro de alguns jogadores, para além do já citado, até pela sabedoria evidenciada daquele singular entretenimento cujos nomes ou alcunhas, como Zé Lora, Joaquim Trabulento, José Geada, Barbaceca, Gil, os dois guardas fiscais Pissarra e Alves e outros, que aos Domingos davam muita vida própria àquele local, onde funcionava um verdadeiro culto dominical aos tempos de lazer da época.
Para terminar, refira-se que o espaço onde funcionava aquele, diga-se, parque desportivo, bem como o cemitério adjacente, vieram a dar lugar à Casa do Povo local.
Novos e vindouros jamais conhecerão, como eu, um gozo simples daqueles tempos, o passar uma tarde de Domingo a assistir às peripécias de jogos da bola de pau.
Daniel Costa
As imagens, são a igreja da Bufarda e uma capoeira conjunta com uma coelheira que já tivera construído no que é hoje propriedade do Gil (era então do meu pai), atrás da igreja.
As imagens, são a igreja da Bufarda e uma capoeira conjunta com uma coelheira que já tivera construído no que é hoje propriedade do Gil (era então do meu pai), atrás da igreja.
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