O QUE É UMA GALENA?
Muitos não saberáo o que foi um aparelho radiofónico, que julgo ter sido pouco utilizado, o qual tomou o nome de GALENA.
Pensando
no assunto e porque me coube o privilégio de usar um desses receptores,
proporcionando-me um período de rara felicidade, nos meus tempos de
juventude.
Tentarei descrever o aparelhómetro.
Verificando
vários diciónários e enciclopédias, não encontrei este nome, senão
mencionando um metal como sendo um dos mais vulgares dos minerais de
chumbo. Por outro lado, fazendo uma recolha, pude verificar serem os
cristais de galena usados como dectetores na T.S.F.Depois destas breves
pesquisas, concluì que a denominação de GALENA para o citado aparelho
emissor de ondas de rádio, vem do metal galena, visto ser um pedaço
desse, o principal elemento funcional da citada peça radiofónica.
Nos
tempos em que utilizei o tal aparelho, porque foi na década de
cinquenta, só a Emissora Nacional possuía capacidade de difusão, para se
fazer ouvir com tão rudimentares recursos, que dispensava energia
eléctrica. Lembro contudo de ter conhecimento da Rádo Graça, a difundir
da Rua da Verónica e dos Emissores Associados de Lisboa. Concerteza
haveria outros, ainda não existia TV em Portugal e a rádio sendo já uma
"senhora", era uma coisa de real sedução.
Por
isso a GALENA era uma verdadeira atracção, até pelo gozo que
proporcionava, uma vez que era um autêntico "faça você mesmo". ainda
muito míúdo lidava bem com a atraente geringonça!
Primeiro
estendia um longo fio desde o cocoruto de uma árvore até uma janela,
que havia no sótão. Antes da entrada, três elementos de louça ligados
com a ponta do fio, evitavam qualquer contacto entre a parede e o mesmo,
daí derivava a ligação para para o interior. Depois uma extensão segura
a uma pedra enterrada no chão, fazendo a necessária "terra" a completar
o exterior. Chegado o Verão, tornava-se necessário regar o chão, afim
de ser criada a humidade nesessária ao contacto com as ondas de rádio.
Aquilo
era de uma simplicidade que, por falta de uma parte dos elementos,
começou por funcionar apenas com fios, com ligações aérea e terráquia, a
uma ficha cada, uma das quais ligada a um pedacinho de galena, a outra
estabelecia o contacto com a Emissora, com a busca de qualquer saliência
a dar essa possibilidade. Um auscultador apenas fazia chegar a emissão
ao tímpano respectivo, que por sua vez só era audível com aquele
elemento pegado mesmo ao ouvido.
Mais
tarde chegou o resto do material, que se resumia a quatro tabuinhas,
com as quais foi montada uma caixa própria encimada com um pequeno rolo
de vidro, onde era introduzido o tal pedaço de galena e uma espécie de
monitor, composto por um fio de forma encaracolada. Ficava mais prática,
rodando a peça, a forma de entrar no som do posto da Rádio Nacional. A
mesma estrutura ficava a constituir o rudimentar rádio, já tinha
acopladas as respectivas ligações referidas anteriormente.
Evidentemente
que hoje, por puro entretenimento, ainda se podia montar um destes
sistemas tanto mais que já cheguei a ver apresentado um exemplar num
célebre programa de televisão, que dava pelo nome de 1-2-3.
Claro que para montar o esquema, seria necessário espaço abundante, fora de zonas citadinas, porque nestas é reduzido.
No
entanto com a vivência dos dias de hoje não se pode pôr algo do género
em equação, basta ver que a rádio de há cinco décadas, nem funcionava
todo o dia, não havia ainda satélites, para se ter no ar todas as
transmissões efectuadas actualmente, por tudo e por nada, em todo o
mundo moderno.
Daniel Costa
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